segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Mudança climática: 12 pontos-chave para a cúpula de Paris




Os representantes de 195 países, a maioria dos Estados do mundo, reúnem-se na Cúpula do Clima de Paris, entre 30 de novembro e 11 de dezembro. Neste encontro, tratarão de fechar o primeiro acordo global para tentar frear a mudança climática.

O que é a mudança climática?

Os chamados gases do efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono (CO2), acumulam-se na atmosfera e impedem que as radiações infravermelhas que o planeta emite para se esquentar saíam para o espaço. Isso faz com que a temperatura do planeta suba. Esses gases sempre estiveram presentes na atmosfera. O problema, segundo o consenso (quase absoluto) dos cientistas, é que as atividades humanas contribuíram para romper o equilíbrio que existia. A indústria, o transporte e os usos do solo aumentaram a concentração desses gases. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a concentração de CO2 na atmosfera chegou, em 2014, a 397,7 partes por milhão (ppm). Antes da Revolução Industrial, era de 279 ppm.

Quais as consequências da mudança climática?
Os cientistas do grupo IPCC da ONU mostraram que, se o ser humano continuar com o ritmo de emissão de gases sem tomar medidas para reduzir as consequências, a temperatura média global subirá de 3,7 a 4,8 graus em 2100, em relação ao nível pré-industrial. Além do aumento da temperatura e do nível do mar, os cientistas sustentam que também afetará os fenômenos climáticos extremos, como inundações, secas e ciclones. A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA analisou 28 fenômenos extremos registrados no planeta em 2014. E concluiu que em 14 casos a mudança climática fez com que eles fossem mais prováveis ou mais fortes.
Pode ser revertida?
Os cientistas do IPCC alertam que já existe uma mudança climática comprometida pelos gases do efeito estufa que o homem emitiu, principalmente, desde a década de setenta do século passado. Por isso, não dá para impedir que a temperatura média global aumente. A opção que existe é limitar esse aumento para dois graus em 2100, em relação aos níveis pré-industriais, para evitar grandes desastres naturais.
O que é a COP21 de Paris?
A vigésima primeira Conferência das Partes (COP21) é a cúpula em que se sentam os 195 países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). Nesse tratado internacional, de 1992, foi reconhecida a importância do aquecimento global. Mas esse texto tem que se desenvolver com medidas concretas.
O que é o Protocolo de Kyoto?
O Protocolo de Kyoto, de 1997, fixa as metas concretas de redução de gases que os países desenvolvidos têm que atingir. No entanto, ele foi legalmente vinculado a apenas 37 Estados, dos quais 28 pertencem à União Europeia, e que representam 12% das emissões globais. As principais potências emissoras de gases ficaram fora: China, por não estar no grupo de países desenvolvidos, e os EUA, que não ratificou o protocolo. Kyoto entrou em vigor em 2005, e em dez anos de aplicação, conseguiu uma redução de 22% das emissões nos 37 países signatários, muito acima dos 5% fixados como meta. Mas, por não afetar as principais potências, as emissões globais continuaram crescendo. Entre 2000 e 2010, por exemplo, subiram 24%.
O que será discutido em Paris?
Um protocolo para substituir o de Kyoto e que começaria a ser aplicado a partir de 2020. Neste caso, a intenção é que os 195 signatários realizem políticas de mitigação, ou seja, reduzam as emissões de gases. Além disso, espera-se que seja fixado como objetivo que, ao final do século, a temperatura global não supere os dois graus, embora Estados mais expostos (como os insulares) queiram baixar essa meta para 1,5 graus.
Qual a fórmula escolhida?
O tratado não vai impor metas individuais de redução de CO2. Para tentar não repetir Kyoto, com um alcance muito limitado, optou-se por outra fórmula: cada país, voluntariamente, apresentará compromissos de redução de emissões, tanto os desenvolvidos quanto os que não são. A alguns dias do começo da cúpula, mais de 170 já fizeram isso. Entre eles, estão todas as principais potências econômicas do mundo.
Esses esforços são suficientes?
Não. Segundo as estimativas realizadas pela ONU, extrapolando os compromissos voluntários (nos quais os Estados fixam metas para 2025 e 2030), a temperatura ao final do século subirá pelo menos 2,7 graus, embora outras organizações e instituições falem de até quatro graus. De fato, a previsão é de que até 2030 as emissões continuem crescendo, ainda que em um ritmo menor que nas últimas décadas. Algumas potências, como a União Europeia e a China, propõem como solução que esses compromissos individuais sejam revisados a cada cinco anos, para se aproximarem da meta de dois graus.
O protocolo de Paris será legalmente vinculante?
Esse pode ser um dos pontos mais complicados da cúpula de Paris. A União Europeia aposta em um protocolo com seções vinculantes. Por exemplo, que sejam assim os compromissos de redução de emissões que cada país apresentou voluntariamente. No entanto, a administração de Barack Obama pode enfrentar problemas, como aconteceu com Kyoto, para fazer o Congresso e o Senado ratificarem um protocolo legalmente vinculante. A União Europeia já desistiu que sejam incluídas sanções, porque considera que isso pode dissuadir alguns países a assinarem o acordo.
O que é a adaptação?
Além da mitigação, a cúpula também discutirá políticas de adaptação, ou seja, medidas para que os países mais vulneráveis se preparem para a mudança climática. Para isso, está prevista a criação do chamado Fundo Verde para o Clima, que a partir de 2020 contará com 100 bilhões de dólares anuais. Quem deve fornecer o dinheiro? Essa pode ser outra das dificuldades em Paris. Em teoria, apenas os países considerados desenvolvidos. Mas potências como a China ficariam fora dessa categoria.
Haverá acordo?
É complicado aventurar-se nessa resposta. Em 2009, com a Cúpula de Copenhague, expectativas parecidas com as de Paris foram levantadas e o resultado foi um fracasso. Desta vez, além de os sinais da mudança climática terem se acentuado, parece haver uma implicação maior das principais potências, do G20 em geral, e da China, EUA e Alemanha em particular. Os líderes desses três países colocaram a mudança climática na sua agenda durante o último ano.
E se não houver acordo?
Se não houver, ou se o acordo for pouco ambicioso, não significa que a luta contra a mudança climática terá terminado. Muitos dos compromissos voluntários de redução de emissões já estão contemplados na legislação nacional de cada país. Seria o caso, por exemplo, da União Europeia, que se fixou metas concretas para 2030, independente da cúpula. Se não houver acordo, talvez o pior prejuízo seja para a ONU e para a ideia de que um problema global, como a mudança climática, pode ter uma resposta também global.

domingo, 8 de novembro de 2015

TELESCÓPIOS



Escrito por: George Cruz 

 
Um telescópio é um dispositivo incrível que tem a capacidade de fazer com que objetos distantes pareçam estar muito mais perto. Telescópios vêm em todas as formas e tamanhos, desde de um pequeno tubo de plástico barato que você compra em uma loja de brinquedos, a gigantes como o Telescópio Espacial Hubble, que pesa várias toneladas. Telescópios amadores se encaixam em algum lugar entre esses dois, e mesmo que eles não sejam tão poderosos quanto o Hubble, podem fazer coisas incríveis. Por exemplo, um pequeno telescópio de 15 centímetros permite que você leia a escrita em uma moeda de um centavo de uma distância de 55 metros.
A maioria dos telescópios que você vê disponíveis para compra no mercado, é de um desses dois tipos:
  • O telescópio refrator, que usa lentes de vidro;
  • O telescópio refletor, que utiliza espelhos em vez de lentes.
Ambos os dois tipos realizam exatamente a mesma coisa, mas de maneiras completamente diferentes.
Como funciona um telescópio
Para entender como funcionam os telescópios, vamos fazer a seguinte pergunta. Por que você não pode ver um objeto que está longe? Por exemplo, por que você não pode ler a escrita em uma moeda de um centavo quando ela está a 55 metros de distância de seus olhos ? A resposta a esta pergunta é simples: o objeto não ocupa muito espaço na tela do seu olho (retina). Se você quiser pensar nisso em termos de câmeras digitais, a 55 metros a escrita na moeda não cobre pixels suficientes sobre o seu sensor de retina para que você possa ler o que está escrito.
Se você tivesse um olho grande o bastante, você poderia coletar mais luz do objeto e criar uma imagem mais brilhante, e então você poderia ampliar parte dessa imagem para que ela se estenda ao longo de mais pixels na sua retina. Duas peças de um telescópio tornam isso possível:
  • A lente objetiva (em refratores) ou espelho primário (em refletores), ela recolhe muita luz de um objeto distante e traz essa luz, ou imagem, para um ponto ou foco.
  • Uma lente ocular leva a luz brilhante do foco da lente objetiva ou espelho primário e a “espalha” para ocupar uma grande parte da retina. Este é o mesmo princípio que uma lupa (lente) usa, ela pega uma pequena imagem no papel e espalha sobre a retina de seu olho para que ela pareça maior.
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  • Quando você combina a lente objetiva ou espelho primário com a ocular, você tem um telescópio. Novamente, a ideia básica é a de buscar a luz para formar uma imagem brilhante no interior do telescópio, e, em seguida, usar algo como uma lupa para ampliar (aumentar) a imagem brilhante para que ela ocupe muito espaço em sua retina.
    Características de Telescópios
    Um telescópio tem duas propriedades gerais:
    • Quão bem ele pode coletar a luz;
    • Quanto ele pode ampliar a imagem.
    A capacidade de um telescópio para recolher luz está diretamente relacionada com o diâmetro de sua lente ou espelho – a abertura – que é utilizada para captar a luz. Geralmente, quanto maior a abertura, mais luz o telescópio capta e traz para focar e, mais clara será a imagem final.
    A ampliação do telescópio, é a sua capacidade para aumentar uma imagem, e depende da combinação de lentes usadas. A ocular executa a ampliação. Uma vez que a ampliação pode ser conseguida por qualquer telescópio usando diferentes oculares, a abertura é uma característica mais importante do que a ampliação.
    Para entender como isso realmente funciona em um telescópio, vamos dar uma olhada em como um telescópio refrator (o tipo que usa lentes) amplia uma imagem de um objeto distante para faze-la parecer mais próxima.
    Telescópio Refrator
    Hans Lippershey da cidade de Middleburg, Holanda, é creditado à invenção do telescópio refrator em 1608, e os militares foram os primeiros a fazer uso da invenção. Galileu foi o primeiro a usá-lo em astronomia e fez significativas melhorias no projeto. Ambos Lippershey e Galileu usaram uma combinação de lentes convexas e côncavas. Em 1611, Kepler melhorou o projeto com duas lentes convexas, que faziam a imagem virar de cabeça para baixo. Projeto de Kepler ainda é o principal projeto de telescópios refratores de hoje, com algumas melhorias posteriores nas lentes e no vidro.
    Telescópios refratores são o tipo de telescópio com que mais estamos familiarizados. Eles têm as seguintes partes:
    1. Um longo tubo, feito de metal, plástico ou madeira;
    2. Uma combinação de lentes de vidro na parte frontal (objetiva);
    3. A segunda combinação lente de vidro (ocular).
    O tubo mantém as lentes na distância correta de uma a outra. O tubo também ajuda a manter fora a poeira, umidade e luz que possam interferir com a formação de uma boa imagem. A lente objetiva recolhe a luz, e dobra-se ou refracta a um foco perto da parte posterior do tubo. A ocular traz a imagem para o olho, e amplia a imagem. Oculares têm distâncias focais mais curtas do que as lentes objetivas.
    Refratores acromáticos usam lentes que não são amplamente corrigidas para evitar a aberração cromática , que é um halo de arco-íris que aparece às vezes em torno das imagens vistas através de um telescópio refrator. Em vez disso, eles geralmente têm lentes “revestidas” para reduzir este problema. Refratores apocromáticos usam tanto modelos de múltiplas lentes, ou lentes feitas de outros tipos de vidro (tal como fluorite ) para evitar a aberração cromática. Refratores apocromáticos são muito mais caros do que os refratores acromáticos.
    Refratores tem boa resolução, alta o suficiente para ver os detalhes em planetas e estrelas binárias. No entanto, é difícil fazer lentes objetivas grandes ( maior do que 4 polegadas ou 10 centímetros ) para eles. Telescópios refratores são relativamente caros, se você considerar o custo por unidade de abertura. Porque a abertura é limitada, um refrator é menos útil para a observação de objetos mais tênues do céu profundo, como galáxias e nebulosas, em comparação com outros tipos de telescópios.
    Telescópio Refletor
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  • Isaac Newton desenvolveu o telescópio refletor em 1680, em resposta à aberração cromática (o halo arco-íris na lente), problema que assolou refratores durante seu tempo. Em vez de utilizar uma lente para recolher luz, Newton usou um curvo espelho de metal para recolhe-la e refletir a um foco. Espelhos não têm os mesmos problemas de aberração cromática que as lentes possuem. Newton colocou o espelho primário na parte de trás do tubo.
    Como o espelho reflete a luz de volta para dentro do tubo, tiveram que usar um pequeno espelho plano chamado de espelho secundário no caminho focal do espelho primário para desviar a imagem para fora através da parede do tubo para a ocular, caso contrário, ele iria ficar no caminho do feixe de luz . Além disso, você pode pensar que o espelho secundário iria bloquear parte da imagem, mas como ele é muito pequeno quando comparado com o espelho primário – que é quem reúne a grande quantidade de luz – o espelho menor não bloqueia a imagem.
    Em 1722 , John Hadley desenvolveu um projeto que usou espelhos parabólicos, e houve várias melhorias nos espelhos. O refletor newtoniano era um projeto muito bem sucedido, e continua a ser um dos projetos de telescópio mais populares em uso atualmente.
    Eles oferecem campos de visão mais amplos do que os telescópios focais maiores, e fornecem brilhantes vistas panorâmicas de cometas e objetos do céu profundo, como nebulosas, galáxias e aglomerados de estrelas.
    Telescópios dobsonianos

  • Telescópios dobsonianos, são um tipo de refletor newtoniano com um tubo simples. Eles são baratos para se construir ou comprar, porque são feitos de plástico, fibra de vidro ou madeira compensada. Dobsonianos podem ter aberturas grandes ( 6-17 cm, 15 a 43 centímetros). E é por causa dessas suas grandes aberturas e o baixo preço,  que os Dobsonianos são muito utilizados para observar objetos do céu profundo.
    O refletor é simples e barato de fazer. Grandes espelhos primários (abertura maior do que 10 polegadas ou 25 centímetros ), podem ser feitos facilmente, o que significa que os refletores apresentam um custo relativamente baixo por unidade de abertura. Refletores têm grandes capacidades de captação de luz, e podem produzir imagens brilhantes de objetos fracos do céu profundo para a observação visual, bem como astrofotografia. Uma desvantagem de refletores é que você às vezes tem que limpar e alinhar os espelhos. Além disso, ligeiros erros na moagem dos espelhos pode distorcer a imagem. Aqui estão alguns dos problemas comuns:
    1. Aberração esférica – a luz refletida a partir da borda do espelho e se foca em um ponto ligeiramente diferente do que a luz refletida a partir do centro.
    2. Astigmatismo – o espelho não é moído simetricamente sobre seu centro e a imagens de estrelas parecem cruzes em vez de aos pontos.
    3. Coma – estrelas perto da borda do campo parecem alongadas, como cometas , enquanto as do centro são pontos afiados de luz.
    Além disso, todos os refletores estão sujeitos a alguma perda de luz, por duas razões: em primeiro lugar, o espelho secundário impede uma parte da luz que entra no telescópio, em segundo lugar, nenhum revestimento refletor para espelhos retorna 100% da luz que incide sobre ele – o melhores revestimentos devolvem 90% da luz incidente.
    Telescópio composto ou catadióptrico
    Telescópios compostos ou catadióptricos são telescópios híbridos que têm uma mistura de elementos refratores e refletores em seu design. O primeiro telescópio composto foi feito pelo astrônomo alemão Bernhard Schmidt em 1930. O telescópio Schmidt tinha um espelho primário na parte de trás do telescópio, e uma placa de vidro corretor na frente do telescópio para remover a aberração esférica. O telescópio foi usado principalmente para a fotografia, porque não tinha espelho secundário ou oculares – em vez disso, o filme fotográfico foi colocado no foco principal do espelho primário. Hoje, o design Schmidt-Cassegrain, que foi inventado na década de 1960, é o mais popular tipo de telescópio, que usa um espelho secundário, que reflete a luz através de um buraco no espelho primário para uma ocular.